Num mundo ideal, uma
vez que um homem e uma mulher se unissem em matrimônio seguiriam felizes com
este relacionamento até o fim de suas vidas, sem nunca se afastarem. No
entanto, não vivemos em um mundo ideal e a dificuldade de relacionamento entre
as pessoas faz com que a taxa de divórcio cresça cada dia mais em todas as
classes sociais, faixa etária, etnias e credos.
Ao longo da história,
a possibilidade do divórcio sempre foi algo volátil, variando conforme grupos
entravam ou saiam do poder. Desde a antiguidade os judeus, assim como os povos
que os circundavam previam o divórcio e possuíam leis regulando sua efetivação.
Com o domínio católico ao longo da idade média, o divórcio foi abolido da
maioria das legislações, inclusive na brasileira, que se inspirava no direito
canônico, perdurando tal proibição até a década de 70 do século passado.
Mesmo com a
autorização legal para o divórcio as igrejas continuam pregando sua proibição,
alegando ser um pecado, pois o que Deus une o homem não separa. Algumas admitem
o divórcio em caso de adultério e outras pregam que em nenhuma hipótese o mesmo
poderia ocorrer. Somente a morte seria capaz de dissolver os laços do
matrimônio.
No entanto, mesmo com
a negativa da igreja em admitir o divórcio, o fato é que mesmo entre cristãos o
número de casamentos desfeitos vem crescendo de forma alarmante.
O resultado é o
afastamento de muitos membros da presença de Deus, por acreditarem não serem
mais dignos do Pai. Besteira!
Para Deus não existe
pecadinho e nem pecadão. Não importa o que fizermos, Ele sempre estará disposto
a nos perdoar e não desiste nunca de nós. Então se você se divorciou, não tenha
medo ou vergonha de seguir na sua caminhada com Deus. Se necessário for, mude
de congregação. Faça novos amigos, mas não se afaste do Pai.
No entanto, é
necessário entender o que deu errado e assim evitar cometer novos erros. A
bíblia nos convida a prestarmos um culto racional a Deus.
Isso significa que
saber que Deus não aprova o divórcio não é suficiente, para um bom cristão. É
importante entender O PORQUÊ dessa desaprovação.
Ora, Deus não é como
um pai ou mãe birrenta que diz ao filho que não pode brincar assim ou assado
apenas porque não quer. Sempre que Deus nos orienta a não fazer algo é porque
há um bom motivo para não fazermos.
Então por que Deus
não quer o divórcio?
Primeiramente, porque
a família é um projeto que nasceu no coração de Deus. Por isso, ele deseja que
esse núcleo familiar jamais seja desfeito.
Mas isso não é
segredo para ninguém. O que a grande maioria das pessoas não sabem é que Deus
nos orienta a evitarmos o divórcio por conta das consequências da
separação.
O vínculo matrimonial
é bem mais amplo do que a coabitação ou que a formalização burocrática do ato
(cerimônias, cartórios, documentos etc). Uma vez unidos pelo casamento homem e
mulher passam a fazer parte da identidade um do outro, de maneira que a
separação poderá trazer graves transtornos psicológicos não apenas aos
envolvidos, mas também aos que estão ao redor.
E pasmem, esses
transtornos podem superar aos transtornos causados pela morte de um ente
querido ou amigo.
O furacão emocional
que homens e mulheres experimentam após o fim de uma relação foi batizado por
especialistas norte-americanos de "síndrome do estresse do
divórcio". A socióloga Hui Liu,
pesquisadora da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, analisou
entrevistas concedidas por 1.282 homens e mulheres, entre 25 e 83 anos, por um
período de 15 anos. Em março de 2012, o estudo revelou que aqueles que viveram
a experiência do divórcio tiveram mais problemas de saúde do que os que
permaneceram casados.
Outro estudo
também mostrou que o estresse psicológico aumenta o dano causado pelos radicais livres
–moléculas instáveis que atacam células saudáveis e são, em parte, responsáveis
por doenças como o câncer. Em uma pesquisa com mais de 10.800
mulheres, publicada em 2002 no American Journal of Epidemiology, descobriu-se que o estresse causado por eventos
traumáticos como o divórcio poderiam estar associados ao aumento do risco de
câncer de mama.
Vejam quantos
transtornos emocionais e fisiológicos podem surgir por conta de um divórcio. E
não é só isso, há especialistas que garantem que a dor sentida na
separação, mesmo para aquele que decide dar um basta, é a mesma sentida em
casos de morte de parentes/amigos.
Portanto, quando
alguém se divorcia, é como se estivesse atravessando por um luto, causado pela
"morte" do ex-cônjuge.
Entende agora porque
Deus não quer o divórcio?
Ele é sofrido.
Doloroso. Traz consequências graves para os envolvidos.
Isso significa então
que o divórcio nunca será admitido? Claro que não!! Seria absurdo tal
afirmação. Há casos em que o divórcio é a única solução. (Clique aqui para ler
o artigo Buscando o equilíbrio vindo de Deus)
Imagine, por exemplo,
um casamento em que há violência física e risco de morte. Por mais que se
levantem vozes clamando pela oração em favor da manutenção do vínculo, essa
postura seria absurda e, pasmem, contrária a vontade de Deus. Isso mesmo, um
homem ou uma mulher que permanece em um lar, sofrendo violência doméstica, a
pretexto de orar e aguardar o outro mudar está agindo contrariamente a palavra
de Deus. Isso porque o nosso corpo é o templo do espírito santo: Não sabei vós que
sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir
o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós é
santo" (1 Co 3.16, 17)
Pois é, as pessoas
que se submetem a um jugo de escravidão em um relacionamento violento, na
verdade estão atentando contra o templo do Espírito Santo.
Portanto, há casos em
que o divórcio é necessário. No livro de Esdras podemos ver um exemplo em o
próprio Deus ordenou que seu povo se divorciasse de suas mulheres, em razão do
jugo desigual: Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus de que despediremos todas
as mulheres, e os que delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e
dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei. (Esdras
10:3)
Deus não quer que
vivamos para sempre sofrendo em um matrimônio, mas Ele espera que sejamos
responsáveis antes de decidirmos pelo casamento, para que depois não venhamos a
danificar o templo do Espírito Santo com o divórcio.
Este, por sua vez,
somente deverá ser considerado como opção em último caso. Mesmo havendo
adultério, mesmo havendo jugo desigual ou qualquer outro obstáculo, é
importante lutar pelo casamento e só desistir dele quando realmente não houver
mais opções.
Portanto, se estiver
pensando em se divorciar, antes de desistir do seu casamento ore a Deus. Veja
se essa é realmente a única saída e se vale a pena sofrer uma dor similar a dor
da perda de um ente querido, e suportar todas as consequências advindas de uma
separação. Talvez a reconstrução do matrimônio não seja fácil, mas é possível
que seja bem menos sofrida que a separação.
Porque se alguém
acredita que separar é a saída mais fácil, a partir deste artigo vai saber que
está enganado.
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